Ex-bilionário Eike Batista está na lista dos foragidos da Interpol

está na lista de foragidos da polícia internacional. Ele foi o principal alvo da Operação Eficiência, a nova etapa da Lava Jato deflagrada nesta quinta-feira (26) no Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal acusa Eike de ter pagado propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, que está preso desde novembro.
Seis da manhã. É o horário em que eles costumam apertar a campainha. Aos pés do Cristo Redentor, a luz do dia revelou o destino da Polícia Federal: uma mansão com jeito de fortaleza, a casa do empresário Eike Batista. Mas o principal alvo da Operação Eficiência não estava.
Os policiais apreenderam na casa obras de arte, relógios, joias, R$ 100 mil em dinheiro e dois carros de luxo.
O advogado do empresário chegou pouco depois e não quis gravar entrevista. Disse que Eike Batista tinha ido para Nova York, numa viagem de trabalho.
A assessoria de Eike Batista declarou que ele está no exterior, mas não especifica se é em Nova York. Informa ainda que ele vai se apresentar em breve às autoridades como fez espontaneamente em outras oportunidades.
Mesmo com a promessa do empresário, na tarde desta quinta-feira (26) a Polícia Federal incluiu o nome de Eike Batista na difusão vermelha da Interpol. Com isso, a partir de agora, aquele que já foi um dos homens mais ricos do mundo é considerado foragido internacional e poderá ser preso assim que for localizado.
“Em relação à viagem do senhor Eike Batista, não havia prévio conhecimento. Estava-se acompanhando a movimentação dos investigados e, na madrugada de hoje, chegou ao conhecimento que poderia ter saído para fora do país na data do dia 24, na parte da noite. Agora a Polícia Federal já está em pleno contato com a Interpol, que já está atuando no sentido de verificar no âmbito de cooperação policial”, disse Tacio Muzzi, delegado da Polícia Federal.
O Ministério Público Federal acusa Eike Batista de corrupção ativa, no esquema liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral. A prisão preventiva do empresário foi decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio.
Segundo as investigações, Eike Batista pagou US$ 16,5 milhões para Sérgio Cabral, o equivalente hoje a R$ 52 milhões.
O dinheiro saiu de uma conta no Panamá, em nome de uma das empresas de Eike Batista, a Golden Rock Foundation, subsidiária da Centennial Mining Fund, holding também de Eike Batista.
Para disfarçar a operação, foi usada uma transação real: a compra de uma mina de ouro.  A Centennial Mining Fund assinou um contrato falso com uma empresa dos doleiros de Sérgio Cabral, os irmãos Renato e Marcelo Chebar. 

Os irmãos Chebar se passaram por intermediários na compra da mina, para receber uma comissão. Mas contaram ao Ministério Público que nunca participaram do negócio da mina.

Só assinaram o contrato para receber o dinheiro numa conta no Uruguai e depois repassar o valor para Sérgio Cabral.
“Então o contrato foi feito de maneira fictícia, uma tipologia clássica de lavagem de dinheiro, para que pudesse dar lastro a essa transação entre a Golden Rock e a Arcadia Associados”, explicou o procurador da República Eduardo el Hage.
“Isso deixa bem claro que o senhor Eike Batista, de forma bem contemporânea, procura escamotear a verdade dos órgãos públicos de persecução penal”, disse o procurador da República José Augusto Vagos.
Agora a investigação quer descobrir as razões desse pagamento. Os procuradores ainda não sabem exatamente que benefícios Eike Batista pode ter recebido. Mas, segundo o Ministério Público, o simples pagamento da propina já configura crime.
Para o Ministério Público Federal, o pagamento de Eike Batista para Sérgio Cabral foi pela boa vontade do ex-governador nos negócios de Eike Batista e de suas empresas no Rio.
Mesmo já estando na cadeia, Sérgio Cabral recebeu nesta quinta um novo mandado de prisão preventiva.  Ao todo, o juiz Marcelo Bretas decretou nove prisões preventivas.
O ex-secretário Wilson Carlos e o operador financeiro Carlos Miranda também já estavam presos. Eles são acusados de receber no exterior parte da propina.
Flávio Godinho, braço direito de Eike Batista e vice-presidente do Flamengo, foi preso em casa, na manhã desta quinta, na Zona Sul do Rio. É acusado de ser o responsável pela engenharia financeira para o pagamento de propina de Eike Batista para Sérgio Cabral.
A polícia prendeu ainda Thiago de Aragão Gonçalves Pereira e Silva, sócio no escritório de advocacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo; Álvaro José Galiez Novis, acusado de depositar grandes quantias de dinheiro na conta de Sérgio Cabral; e Sérgio de Castro Oliveira, considerado pela denúncia operador financeiro da organização criminosa.
Assim como Eike Batista, Francisco de Assis Neto, o Kiko, outro operador financeiro do esquema, também é considerado foragido.
A Operação Eficiência cumpriu dois mandados de condução coercitiva, quando o suspeito é obrigado a ir prestar depoimento.
O irmão mais novo do ex-governador, Maurício Cabral, foi encontrado na Lagoa, Zona Sul do Rio.
Num outro prédio, os agentes buscaram a ex-mulher de Sérgio Cabral, Susana Neves Cabral. Ela é mãe dos três primeiros filhos do ex-governador.  
Segundo o Ministério Público Federal, Susana Neves Cabral e o ex-cunhado são suspeitos de se beneficiarem do esquema, com mordomias pagas com o dinheiro da corrupção.
Susana Cabral era chamada de Susi nas anotações do operador financeiro Carlos Bezerra. A contabilidade dele revela que só entre 2014 e 2016, a ex-mulher de Sérgio Cabral recebeu, ao menos 13 vezes, dinheiro transferido por Carlos Bezerra e Carlos Miranda, oriundo de recursos ilícitos da organização criminosa, no valor de R$ 883 mil.
Mas na colaboração premiada dos irmãos Marcelo e Renato Chebar ficou claro que os valores distribuídos a Susana Cabral eram ainda maiores.
Os doleiros de Sérgio Cabral disseram no depoimento que os gastos dela envolviam boletos de cartão de crédito em valores elevados, de R$ 40 mil a R$ 50 mil por mês, além de outros pagamentos como IPVA, conta de luz, gás e escola.
O doleiro Renato Chebar revelou que foram feitas inúmeras entregas de dinheiro em espécie, totalizando aproximadamente R$ 275 mil.
O advogado de Susana Neves Cabral disse que a condução foi uma violência.
“Ela não diz que houve qualquer benefício porque ela não sabe a origem. Havia pagamentos que eram feitos como já saiu na imprensa isso, mas ela não sabia a origem desse dinheiro, para ela eram valores lícitos. Uma espécie de pensão. Não havia nada judicializado com relação a isso”, explicou Sérgio Riera, advogado de Susana.
Segundo os procuradores, o valor total do esquema de Sérgio Cabral rastreado na investigação chega a US$ 100 milhões no exterior, o equivalente a R$ 340 milhões. Eles já conseguiram repatriar R$ 270 milhões, que estão à disposição da Justiça.
A operação desta quinta foi chamada de Eficiência porque esse era o nome de uma conta bancária que Sérgio Cabral tinha nos Estados Unidos, quando ainda era deputado estadual, no Rio. Nessa conta, investigadores dizem que Sérgio Cabral movimentou os primeiros milhões de dólares.
Na sexta-feira (27), Sérgio Cabral, o ex-dono da conta Eficiência , faz aniversário na prisão. A data só vai ser marcada pela continuação do trabalho dos procuradores.
“O patrimônio dos membros da organização criminosa chefiada pelo senhor Sérgio Cabral é um oceano ainda não completamente mapeado”, disse o procurador da República Leonardo Cardoso.
Nós não conseguimos contato com os advogados de Sérgio Cabral, do irmão dele, Maurício Cabral, de Sérgio de Castro Oliveira, de Álvaro José Novis e de Flávio Godinho.
As defesas de Wilson Carlos, de Carlos Miranda e de Thiago de Aragão Gonçalves Pereira e Silva não quiseram se pronunciar.
O Flamengo declarou que a prisão de Flávio Godinho é de cunho pessoal.
O advogado de Francisco de Assis Neto disse que o cliente não está foragido, que viajou com a família para os Estados Unidos, que a passagem foi comprada com muita antecedência e que Francisco vai se apresentar às autoridades assim que voltar ao Brasil. 
Fonte: g1.com

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